
A deteção de animais contaminados levou a DGAV a impor medidas sanitárias adicionais, tendo determinado através de edital que "todos os animais abatidos em atos venatórios (batidas, montarias ou ações de correção de densidade populacional com recurso a utilização de cães, com exceção das esperas, praticados na área destes concelhos, sejam submetidos a pesquisa de Trichinella antes de qualquer tipo de consumo, quer para colocação no mercado, quer para consumo doméstico privado".
A Triquinelose é uma doença causada por parasitas da espécie Trichinella. Nos animais está frequentemente associada à infeção do porco doméstico (Sus domésticos) e do javali (Sus scrofa).
O homem também pode padecer desta doença, reconhecendo-se hoje que, na Europa Ocidental, a principal fonte de infeção para o homem ocorre por ingestão de carne de javali e de porco cozinhada a baixas temperaturas ou a produtos cárnicos (como é o caso de enchidos).
Quais são os sintomas?
"No homem, os principais sintomas associados à Triquinelose incluem dor abdominal, náuseas, vómitos e diarreias, dores musculares, dificuldade respiratória, dificuldade em deglutir, edema das pálpebras. Em casos mais graves pode ocorrer insuficiência cardíaca e distúrbios neurológicos como dor de cabeça e vertigem", explica Madalena Vieira-Pinto, responsável pelo serviço de despiste de Trichinella em carne de javali, realizado no Laboratório de Tecnologia, Qualidade e Segurança Alimentar (TeQSA) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
Neste laboratório, a resposta é dada em 24 horas, após a receção das amostras, o que permite ao caçador ter uma resposta célere antes do consumo da carne dos animais caçados.
O despiste tem de ocorrer em laboratório porque a larva da Trichinella não é visível a "olho nu".
Atualmente, de acordo com a legislação em vigor, todas carcaças de javali destinadas a serem comercializadas para consumo humano têm de ser sistematicamente sujeitas à pesquisa de Triquinella como parte do seu exame post mortem, em matadouros ou em estabelecimentos de preparação de caça.
Agora também o consumo doméstico privado passa a ter esta obrigatoriedade, “pelo menos nos concelhos da Região de Trás-os-Montes”, acrescenta a responsável do TeQSA.
Os caçadores e agentes interessados neste serviço poderão contactar o laboratório TeQSA através do email mmvpinto@utad.pt ou do telefone nº 259 350 904 para posterior envio das amostras.
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